J. J. MARQUES DA SILVA
( Portugal )
José Joaquim Marques da Silva. Nasceu em 4 de Maio de 1920, na vila histórica de Almeida, Portugal.
É formado em Teologia e Contabilidade, e repartiu em Angola, trabalho e ensino. Em Montréal, Canadá, ensinou na Escola Secundária Lusitana.
LETRAS DEL DESAMOR. Selección de Poesia de Autores Contemporáneos. Montevideo: Bianchi editores; Brasilia: Edições Pilar, s. d. 272 p. ISBN 99574-663-82-2
Ex. bibl. Antonio Miranda
Em busca do amor
Fui à procura do Amor
Nas plagas da humana vida.
E alimentar a minh´alma
Que estava assaz decaída.
Encontrei um peito amigo
(Assim eu pensava então)
E logo me acarinhei
Em troca duma afeição.
Duma afeição, bem pequena,
não logrei mais receber.
Foi fumo de labareda
Que vi no ar desfazer.
Depois busquei os carinhos
De pessoas escolhidas,
Mas faltaram seus cuidados
E tornaram-se inimigas.
Lancei-me então nos prazeres
E nos gozos passageiros,
P´ra consolar a minh´alma
De tormentos verdadeiros.
Mas perdi as minhas forças
Sem conseguir mitigar
A negra fome que estava
A minha alma atormentar.
Sofri acerbo desgosto
De viver cá neste mundo.
E passei a consumir-me
Num desespero profundo.
Que valia assim viver,
Sem a Paz e sem amor?
Que valia a minha vida
Em tão completo amargor?!
Mas beijou-me boa esperança,
E me disse mansamente:
— "Não desanimes, procura,
Que encontrarás finalmente!"
Então voltei ao lugar
Da minha infeliz partida.
Quando à procura de Amor
Eu fui às plagas da vida.
Voltei, p´ra matar saudades,
Anseios do coração,
Dar e receber abraços,
Trocar, enfim, afeição.
Receberam-me zangados
E disseram com rancor:
— Se de nós te separaste,
Não mereces nosso amor...
Vi-me então desamparado,
Sem forças para lutar,
Cheio de angústia e temor
E sem almas para amar!
Ainda assim dediquei-me
Com muita satisfação,
A fazer o bem possível,
Mas venceu-me a ingratidão!
Depois, egoísta, envolvi-me
Com grupos de mareantes,
Mas suas águas impuras,
Eram demais aviltantes...
Mas um dia, com doçura,
Depois de ferir alguém,
Ouvi dizer: "Deus perdoa
E eu te perdôo também".
O quê?! Pensei confundido...
Como não se enfurecia
Comigo tal criatura?!
Era certo o que eu ouvia?
Que pessoa singular!
Com certeza era o Amor
Que tal bondade inspirava,
E modo tão sedutor !
Apaixonei-me , e pedi-lhe
Uma curta explicação,
De como tanta bondade
Havia em seu coração.
—"A bondade não é minha.
Eu nada tenho de bom...
É a Graça de Jesus
Que alberga em mim este dom".
"Eu fui pobre pecador,
E estive na perdição;
Mas Jesus, o Rei do Amor
Ofertou-me a Salvação!
"E agora o pouco que eu valho
É pelo dom inefável
Da sua Graça bendita,
Eterna, e sempre agradável!"
O meu pasmo redobrou
Ao ouvir palavras tais.
Que Jesus foi bom, sabia...
Além disso nada mais.
E muito menos ainda
Eu podia imaginar.
Como um homem do passado
Pudesse almas transformar!
Pedi-lhe que me dissesse
Como tal se tinha dado,
E também se o vero Amor
Ele já tinha encontrado.
Narrou-me a história da Cruz,
A maior prova de Amor;
Contou da Paz de Jesu,
E da fé o seu valor.
Iluminou-se a minh´alma
Voltou a mim a alegria.
Encontrei o Salvador,
Nasceu em mim outro dia.
Posso amar, e ter vitória,
Já sou feliz e contente;
Já tenho a Paz do céu,
E a meu lado muito gente.
E além do Amor de meu Deus,
Que vejo ser bem veraz,
Também tenho bons amigos,
Consolo das horas más.
Posso, pois dizer, provar:
— Deus é Amor! Deus é Luz!
Os seus preceitos sublimes,
É linda a História da Cruz!
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Página publicada em outubro de 2022
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